quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Um crente pode ser maçon?

 

Existem certas coisas que, seja pelo desconhecimento, preconceito ou mesmo por contradições com a fé cristã, que não são aceitas no meio evangélico.

Uma entidade vista com muita desconfiança e curiosidade pelos crentes, é a maçonaria, espécie de sociedade secreta.

Oculta, misteriosa, dona de uma filosofia centenária cuja origem se perde nas brumas do tempo, e por isso mesmo sedutora, a Maçonaria é uma espécie de caixa preta que assusta muita gente. Especula-se por exemplo, que em algumas cerimônias praticam-se pactos de sangue e juras de morte àqueles que abandonam suas fileiras. Bem menos tenebrosas são as prosaicas senhas que utilizam para identificar-se, como determinados toques nos apertos de mão e a adoção de três pontinhos na assinatura. Boataria a parte, o certo é que para a sociedade em geral, e os evangélicos em particular, o grupo é um ilustre desconhecido. Seus membros são reservados e os locais de reunião, as chamadas lojas, são fechadas para quem não faz parte da entidade.

Descontados os exageros propagados pela ignorância generalizada a seu respeito, o certo é que a Maçonaria é via de regra rechaçada pela Igreja Evangélica. Contudo, é grande o número de crentes que não só simpatizam, como participam de suas fileiras. Para eles não há qualquer incompatibilidade entre servir a Cristo e ser maçom. Mas a grande maioria dos crentes consideram a maçonaria como uma religião ocultista e até diabólica, e, portanto, incompatível com a sua fé. Ao contrário da maior parte das igrejas evangélicas, onde qualquer pessoa que se declare convertida pode se tornar membro mediante o batismo, o ingresso na Maçonaria é um processo lento e complexo. Alguém só pode vincular-se a instituição através da indicação de alguém que pertença à sociedade. O processo se inicia quando determinada pessoa começa a ter suas características notadas. Neste caso seu nome é sugerido por um maçom à Loja. Então levanta-se a maior parte de informações possíveis sobre essa pessoa – como é sua vida pessoal, se goza de boa reputação, se sua honestidade é reconhecida. Se nada o desabonar, então é feito o convite, com a permissão da Loja. Mas isso não termina aí. Se o convite for aceito, iniciam-se outras formalidades. No caso de homem casado é fundamental o consentimento da esposa. É preenchido um formulário com diversas perguntas. Depois abre-se uma sindicância que pode demorar até dois anos. Só depois de tudo isso é possível tornar-se um maçom.

Além de se auxiliarem mutuamente, os maçons desenvolvem uma série de atividades de cunho social e comunitário. Costumam definir-se como uma reunião de homens livres e de bons costumes. Em geral os maçõns são extremamente zelosos pelo grupo a que pertencem, praticando com afinco seus ensinos. Nas Lojas os ritos seguem rígidos princípios de hierarquia e carregam elevada dose de simbolismo. As reuniões são realizadas geralmente uma vez por semana ou quinzenalmente. Nas celebrações cada um tem função definida, de acordo com seu posto na entidade. Há uma abertura solene, na qual entram os aprendizes, os companheiros e os mestres, seguidos pelo venerável mestre, a quem cabe dirigir a sessão. A disposição dos assentos também é ritualística – Oriente, Coluna do Sul, Coluna do Norte. Antes dos trabalhos, pode haver a leitura do Salmo 133, que fala sobre a excelência do amor fraternal, depois é feito uma oração solene ao Grande Arquiteto do Universo, identificado como Deus e normalmente representado pela letra “G”. Nessa oração, roga-se pelos presentes, por suas famílias e pela reunião. O dirigente dá orientações preliminares para verificar se o templo está coberto, ou seja, se todas as portas estão fechadas, se todos os presentes são maçons e outras formalidades. Em um determinado momento, depois da palavra de exortação, cada um dos irmãos podem falar. Geralmente fazem pequenos discursos sobre temas variados.

Tudo muda, se há algum neófito para ser admitido. Neste caso grande parte da cerimônia é dedicada à iniciação do novato. É parte da tradição, por exemplo, vendar os olhos do candidato, que é levado a ingerir o conteúdo de um cálice com água doce e amarga, e submeter-se a uma série de outros rituais, tudo com elevado conteúdo simbólico. Ninguém bebe sangue ou se flagela, como é comentado, embora no caso da iniciação de um mestre (numa escala que vai até o Grau 33, de acordo com o ritual), usa-se até um caixão, onde um dos presentes deita-se para representar um antigo líder já morto.

Algumas contradições com a fé evangélica:

-O maçom tem o compromisso de manter o segredo sobre a instituição e defender os outros membros a qualquer custo, quer dizer se for preciso tem de mentir par defender a instituição.
-Maçom deve respeitar a prática religiosa de todos, e evitar o proselitismo. Isso vai contra o mandamento de Jesus, que é pregar o Evangelho e fazer discípulos.
-Em suas atividades rituais são usados: astrologia, cabala, numerologia e ocultismo.
-A Bíblia não é considerada como única regra de fé e prática.
-O sincretismo que fazem com Deus, identificando-o até com Om, o deus do sol dos egípcios.
-Jesus Cristo dentro da Maçonaria, é apenas o fundador de uma religião, como foram Maomé, Buda e Confúcio.
-Evocação a São João, isso eles fazem costumeiramente.
-O presidente da Loja é a “luz” para os novos adeptos.

Tal conjunto de normas e doutrinas municia sem dúvida aqueles que se opõem a maçonaria por motivos religiosos, como os evangélicos. E com razão já que fazem parte dos rituais práticas que vão contra o que ensina a Bíblia Sagrada.

A Maçonaria não pode ser considerada um movimento cristão pelo simples fato de valorizar a fraternidade. Mas se tem templos, ritos orações e recompensas, está claro que é uma religião.

Entre as igrejas evangélicas, a questão da maçonaria é tratada com um misto de preconceito, desconhecimento e, claro alguma dissimulação. Afinal, é complicado para um crente, sobretudo pastor, assumir que pertence a uma sociedade desta natureza.

O caráter religioso das reuniões maçônicas foi o que acabou afastando o pastor Daniel de Almeida, ex-maçom e hoje na 2ª Igreja Batista de Macaé (RJ). “Vi que aquilo era um culto, e como já tinha feito minha escolha pela igreja, pedi meu desligamento”.

J. DIAS
Fonte: Revista Eclésia

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