quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A igreja foi a minha terapia,diz ultima resgatada do 11 de Setembro

    As torres do Wold Trade Center (WTC), um dos prédios-sómbolo de Nova York, foram reduzidas a 
pó ao entrar em colapso durante os atentados de  11 de Setembro de 2001.

Genelle Guzman-McMillan, última resgatada do 11 de Setembro, posa com a filha, Kaydi, em frente à sua casa em Long Island, nos EUA

No momento em que os 110 andares da Torre Norte desabaram, deixando milhares de mortos, Genelle 
Guzman-McMillan descia a escada de incêndio e ainda tinha 13 andares pela frente até que pudesse 
deixar o prédio. Foram mais de 26 horas presa aos escombros sem poder se mover e implorando por uma 
segunda chance. Às 12h30 do dia seguinte, um improvável final feliz: Genelle se tornava a última
 sobrevivente do pior ataque estrangeiro em solo americano da história dos EUA.
Como ela, apenas outros 19 não perderam suas vidas durante o colapso das chamadas Torres Gêmeas 
do WTC, responsável pela maior parte das mais de 2,7 mil mortes contabilizadas naquele dia apenas em 
Nova York. Para Genelle, o alívio do resgate chegou acompanhado de uma série de questionamentos:
 por que enganou a morte? Por que as amigas que desciam a escada de incêndio ao seu lado não tiveram
 a mesma sorte? Por que tantos inocentes tiveram de morrer?
Para todas as perguntas, ela escolheu uma única resposta: Deus.
“O 11 de Setembro me ensinou que nunca estamos no controle. Estou aqui para provar que nada
 acontece no nosso tempo, tudo é no tempo Dele”, afirmou Genelle, hoje com 40 anos, durante 
entrevista ao iG em sua casa em Long Island, no Estado de Nova York. “O que Deus escolheu para 
nós é o que acontecerá. Não podemos questionar o que Ele faz.”
Nos dez anos que se passaram desde o 11 de Setembro, Genelle não buscou ajuda psiquiátrica para
 vencer a “culpa de sobrevivente”. “A religião foi minha terapia”, explicou.


O 11 de Setembro me ensinou que nunca estamos no controle. Estou aqui para provar que nada acontece no nosso tempo, tudo é no tempo Dele






Quando ainda estava presa aos escombros, decidiu unir-se à Brooklyn Tabernacle, uma igreja evangélica
 de Nova York que havia visitado antes dos ataques. Mas até o dia fatídico sob os destroços, Genelle
 não se sentia pronta para mudar seu estilo de vida: apaixonada por dança desde criança, ela conta que
 passava noites inteiras em casas noturnas, vestida com roupas provocantes e sempre com um drinque
 nas mãos.
Foi o sonho de ser dançarina que a levou a deixar o país onde nasceu, Trinidad e Tobago, no Caribe, 
para tentar a sorte nos Estados Unidos. Genelle foi criada em uma família católica, a menina mais nova 
dos 13 filhos de uma dona de casa e um motorista de caminhão que prestava serviços ao governo.
   Enquanto imitava os passos de Janet e Michael Jackson na sala de casa, driblando as rígidas regras 
do pai, ela se convencia de que um futuro como celebridade passaria obrigatoriamente por Nova York.
 “Queria ser grande”, afirmou. “Queria que meus colegas de escola dissessem: ‘Nossa, olha aonde a 
Genelle chegou!’”
Ela também queria independência e uma vida melhor para a filha, Kimberly, na época com dez anos, que
 ficou em Trinidad com o pai, Elvis. Apesar do remorso por deixar a menina para trás, Genelle se mudou 
para Nova York em 1999, pouco depois da morte da mãe, vítima de um câncer de ovário. Hospedada por
 familiares – irmã, sobrinhas e primos que já moravam na cidade –, ela começou a procurar trabalhos 
como dançarina, mas logo percebeu que mesmo em Nova York o sonho continuava distante. 
“Tentava conhecer pessoas, mas sempre me pediam para preencher fichas e contratar agentes”, 
contou. “Não sabia que seria assim, que teria de pagar para talvez receber um telefonema.”
Após alguns empregos como babá e secretária, em dezembro de 2000 ela respondeu a um anúncio de
 jornal e foi contratada como assistente de um dos gerentes da polícia portuária de Nova York. 
  Quando soube que o escritório ficava no 64º andar do WTC, Genelle vibrou. No primeiro dia de trabalho,
 pegou o elevador, correu à janela e sentiu emoção ao ver, lá do alto, o centro de Manhattan.
Também em 2000, durante uma celebração de carnaval em Trinidad, Genelle conheceu Roger, que como
 ela nascera na ilha e se mudara para Nova York. Os dois começaram a namorar e logo passaram a viver
 juntos. À noite, Roger acompanhava a namorada nas festas; pela manhã, fazia com ela o trajeto de trem
 entre o Brooklyn, onde moravam, e o centro de Manhattan.
Na manhã de 11 de Setembro, uma terça-feira de sol, Roger teve um compromisso mais cedo e Genelle
 pegou o trem sozinha. Enquanto passava distraída pelas estações, lembrava-se de cada momento do
 fim de semana anterior, marcado pela reconciliação do casal após 15 dias de separação. Genelle também 
estava ansiosa para chegar ao escritório e reservar passagens para Miami, onde curtiria uma festa
 popular com Rosa González, uma colega de trabalho, no mês seguinte. “Era um dia lindo para mim”,
 definiu, abrindo um sorriso triste.

Estrondo
Eram 8h05 quando Genelle entrou na Torre Norte do WTC, cerca de 40 minutos antes de o primeiro avião 
atingir o prédio mais de 30 andares acima de onde ela estava. Após comprar um bagel e um chocolate
 quente, Genelle sentou-se à mesa e começou a falar com a amiga Susan Miszkowicz quando um forte
 tremor e um barulho alto encerraram a conversa.
Susan se apoiou na mesa. Genelle se lembrou de um terremoto pelo qual passara anos antes em Trinidad.
   As duas trocavam olhares confusos e assustados enquanto tentavam encontrar uma justificativa para 
o maior estrondo que já tinham ouvido. “Aquele ruído, aquele ‘bang’... Não tinha acontecido nada por
 perto, então de onde poderia ter vindo?”, questionava.


Elas correram juntas até a janela, sem conseguir ver nada além de papéis voando. Havia cerca de 50 
funcionários da polícia portuária no andar de Genelle e muitos começaram a deixar o prédio, mas ela 
esperou que as luzes se apagassem ou que soasse o alarme de incêndio, como aprendera nos 
treinamentos de emergência.
O movimento era grande. Colegas de Genelle pediam orientações à direção da empresa enquanto outros
 tentavam falar com familiares, apesar das linhas congestionadas. Ao telefone, Rosa chorava dizendo 
que um avião tinha batido no prédio, informação que Genelle considerou “surreal” e na qual só 
acreditou quando a TV da sala de conferências foi ligada, mostrando as impressionantes imagens 
assistidas em todo o mundo. O que se seguiu, segundo Genelle, foi uma “montanha-russa emocional”.
 “Pessoas choravam, os telefones não funcionavam, não conseguíamos uma resposta definitiva sobre 
o que fazer”, contou, com expressão 
séria. “Eu lembrava da minha filha e pensava: ‘Meu Deus, vou morrer em Nova York.”
Por telefone, Roger e outros familiares imploravam para que Genelle deixasse o prédio. Ela sentia o
 medo e a ansiedade crescerem, mas achava que não seria capaz de fazer o trajeto sozinha e preferiu 
esperar a decisão de funcionários mais experientes. Um deles, o engenheiro elétrico Pasquale Buzzelli, 
34 anos, decidiu 
verificar a situação da escada de incêndio. Quando viu que havia iluminação e pouca fumaça, ele
 incentivou o grupo a desistir de esperar por ajuda. Após duas votações, as 15 pessoas que ainda
 estavam no 64º andar chegaram a um consenso e começaram a descer depois de mais de uma hora 
do choque do avião.

Paredes explodindo
Pasquale liderava o grupo. Genelle descia os degraus de mãos dadas com Rosa, que ainda chorava.
   Susan ia atrás. Todos se tranquilizaram ao passar por dois bombeiros que seguiam no sentido contrário,
 subindo as escadas para ajudar na retirada do prédio. “Talvez as coisas não estejam tão ruins lá fora”, 
pensou Genelle, sem ter a dimensão do quão trágica seria aquela terça-feira.
Enquanto descia os degraus, Rosa insistia para que a amiga descalçasse os sapatos de salto alto, mas
 Genelle se recusava a admitir que sentia dor nos pés. “Eu dizia: ‘Se tirar os sapatos, o que vou fazer 
quando chegar lá fora? Meu namorado está me esperando, vai ser meu dia de folga’”, relembrou, rindo 
de si mesma.
Ela só deu o braço a torcer no 13º andar, quando se apoiou no ombro de Rosa e se abaixou para 
descalçar os sapatos, enquanto a amiga ria e brincava: “Não falei?”
Foi a última vez que Genelle ouviu a voz de Rosa. Antes que pudesse levantar o corpo, seu pesadelo 
começou. “Tudo ficou escuro e comecei ouvir as paredes explodirem”, descreveu, ainda impressionada 
com a experiência pela qual passou. “Houve barulho, escuridão, poeira. Tudo estava caindo.”
O prédio estava desabando.

Preparada para morrer
Genelle ainda segurava a mão de Rosa e, antes de cair, viu a amiga correr para trás, como se quisesse 
subir os degraus da escada. Ao tentar se levantar, Genelle recebeu um novo golpe e voltou ao chão.
   Dessa vez o tremor era muito maior do que o de um terremoto e os destroços continuavam vindo em 
sua direção, com cada vez mais força. Sem saber o que fazer, ela colocou as mãos sobre a cabeça, como
 se formasse um casulo, e esperou. “Fechei os olhos e fiquei parada esperando tudo acabar”, contou.
 “E quando acabou, houve um silêncio mortal.”


Sabia que ninguém me encontraria porque 100 andares tinham caído sobre mim. Então fechava os olhos e pedia para não acordar, para morrer sem dor






   Ela ouviu um homem gritar por socorro duas vezes. Não o ouviu mais. Ela também gritou por ajuda e
 para saber se Rosa estava bem. Não houve resposta. Dos 15 funcionários que desciam as escadas, só
 mais um sobreviveu ao colapso das torres: Pasquale Buzzelli, que caiu em cima de uma pilha de 
destroços e deixou o local andando, com a ajuda de bombeiros.
Genelle tentava se mover, mas não conseguia: deitada do lado direito do corpo, ela tinha a cabeça presa 
entre blocos de concreto, as pernas viradas e presas em parte da escada, os olhos cheios de poeira e
 incapazes de definir, em meio à escuridão dos escombros, se era dia ou noite. A mão esquerda tinha 
algum espaço para fazer curtos movimentos, mas só sentia mais destroços.
Ela não chorava, apenas pensava: na mãe, na filha que deixara para trás, no namorado, nas pilhas de 
destroços que teriam de ser removidas até que alguém pudesse chegar a ela. Se ouvia o som de
 máquinas ou pessoas falando em walkie-talkies, ela gritava e tentava fazer barulho, até que a volta do 
silêncio a fizesse desistir.
Não sentia fome, apenas sede. Algumas vezes urinou em si mesma. Sentiu os dentes rangerem e o corpo 
tremer de frio para depois quase não suportar o calor provocado pelos incêndios próximos a ela. A todo 
momento fechava os olhos, torcendo para que não pudesse abri-los novamente. “Sabia que ninguém 
me encontraria porque 100 andares tinham caído sobre mim. Então fechava os olhos e pedia para não 
acordar, para morrer sem dor”, afirmou.
Mas Genelle sempre acordava, e em determinado momento prestou atenção ao fato de que ainda
 respirava. “Se tudo isso aconteceu e estou respirando”, disse a si mesma, “acho que não vou morrer”.
Genelle não queria morrer. Presa aos escombros, ela desejava um futuro ao lado da filha enquanto
 repassava as lições da mãe e pensava sobre o que ela faria. Sem saber rezar, começou a conversar com 
Deus e a implorar por uma oportunidade de corrigir seus erros. “Percebi que precisava mudar minha vida,
 tudo aquilo que planejava para mim mesmo sabendo que era errado - sair, beber, usar roupas 
provocantes, expor meu corpo aos homens”, afirmou. “Minha mãe dizia que aquilo não era vida, mas era
 a minha vida. Então comecei a fazer promessas a Deus. Disse que, se ele me salvasse, se me tirasse dali,
 passaria a fazer sua vontade.”

Milagre
O resgate de Genelle durou cerca de três horas. Segundo ela, o milagre começou quando tateava o
 concreto com a mão esquerda e, de repente, sentiu que alguém a segurava. “Ele pediu para que eu não 
soltasse, disse que tudo ficaria bem e que seu nome era Paul”, afirmou Genelle, que guardara o nome
 porque planejava conhecê-lo quando o pesadelo terminasse.

Enquanto segurava sua mão, Genelle ouviu homens conversando e gritou para chamar sua atenção.
 Eles não podiam vê-la, mas insistiram na busca. Mais tarde, Genelle saberia que os resgatistas - Brian
 Buchanan, um ex-militar, e Rick Cushman, integrante da Guarda Nacional - tinham sido atraídos ao local 
onde ela estava pelo faro de um cachorro, Trakr, e pelo uniforme de um bombeiro morto que reluziu em 
meio à poeira e aos escombros.
Para tirar Genelle dali, a equipe de resgate cortou pedaços de aço e moveu enormes blocos de concreto 
com cuidado. Enquanto era transportada em uma maca até a superfície, ela perguntava se ainda teria de 
esperar muito. O sol fez seus olhos arderem, mas o tempo todo ela sorria.
Ao contar sua história ao iG, Genelle ressaltou que, quando chegou à ambulância, respondeu 
corretamente todas as perguntas feitas por um paramédico. Com isso, tentou evitar qualquer dúvida 
sobre sua lucidez que pudesse ser provocada pelo fato de que Paul, o homem que segurou sua mão,
 nunca apareceu. Um a um, todos os resgatistas disseram que não havia nenhum Paul na equipe.
Ainda assim, ela tem certeza de que o nome e sua versão da história estão corretos. “Paul era um anjo,
 o milagre que pedi”, afirmou, confiante. “Sei que estava consciente o tempo todo. Sei que podia ouvir
 tudo e sei que alguém segurava minha mão. Paul estava lá.”

Cicatrizes
Foram seis semanas de internação e quatro cirurgias na perna direita. Horas após ser internada, deitada 
em uma cama do hospital, Genelle recebeu a visita de Roger, que já havia perdido a esperança de 
encontrá-la. Ao entrar no quarto, ele mal podia reconhecê-la: seu rosto estava inchado, os olhos estavam
 roxos e o corpo tinha queimaduras e poeira por toda parte. Sem conter as lágrimas, ele se aproximou da
 namorada e disse, ao ouvido: “Por que você não saiu do prédio quando eu pedi?”
Foi a primeira vez que Genelle chorou, segundo disse ao iG. Em sua autobiografia, porém, ela diz ter 
chorado outras duas vezes: quando viu as imagens do ataque na TV da sala de conferências e em um
 momento de desespero durante o tempo que passou presa aos escombros.
Parentes se preocuparam ao ver que Genelle não chorava durante sua recuperação e insistiram para que 
ela visse um terapeuta. Ela concordou, mas desistiu logo após a primeira sessão. Seu objetivo era se 
dedicar à fisioterapia, o que exigiu determinação. Médicos chegaram a dizer que Genelle teria de amputar
 a perna, depois garantiram que ela usaria uma muleta pelo resto da vida. Meses depois, porém, ela 
andava sozinha. Os movimentos não são tão ágeis como antes, mas ela ainda pode dançar.

Genelle descansa no hospital Bellevue, em Nova York, dois dias após o resgate (14/11/2001)

É quando olha para a perna ao se vestir para o trabalho ou durante o banho que Genelle se lembra do 11
 de Setembro. Para esconder as grandes cicatrizes e evitar perguntas ela evita usar saias e nunca
 esquece da meia-calça. “Não quero que tenham pena de mim, nem quero explicar tudo”, disse. “Não saio
 por aí dizendo que sou a última sobrevivente, mas quase todos os dias lembro do que aconteceu.”
Alçada à fama, ainda que por motivo diferente do que havia sonhado, quando voltou para casa Genelle
 recebeu inúmeros pedidos de entrevistas e até planejou seu casamento com Roger, celebrado em 2002,
 com a ajuda de uma emissora de TV e uma revista que noticiaram o evento. Neste mês, lança nos EUA
 “Angel in the Rubble” (“Anjo nos Escombros”, em tradução livre), autobiografia que a levará a turnês
 promocionais na Austrália e na Nova Zelândia. Mas Genelle garante que já não quer ser “um ídolo 
como Beyoncé”, mas, sim, ser famosa por causa de Deus. “Quero mostrar que há esperança, que as
 pessoas não devem desistir, que devem continuar rezando e acreditando”, afirmou.
Acostumada a contar sua história em visitas a igrejas americanas, Genelle já não chora e sempre
 consegue manter a calma ao falar sobre o 11 de Setembro. Mas ela não sabe se irá ao Marco Zero (local
 onde ficavam as torres) para participar da homenagem às vítimas nos dez anos do ataque. Em geral, o
 aniversário do atentado é um dia de reclusão. Genelle pede folga (ela voltou ao trabalho na polícia 
portuária dois anos após o atentado), evita assistir à televisão e procura ficar em casa com Roger, as 
filhas mais novas, Kaydi, 7, e Kellie, 5, o enteado Kadeem, 20, além de Kimberly, 22, que hoje mora com ela.
Algumas vezes Genelle se lembra de como teve sorte e chora sozinha. “Gostaria que não tivesse que ser
 assim, que tanta gente não tivesse morrido. Mas minha vida não podia ficar nesse clima, então segui em
 frente e prefiro pensar que coisas boas virão”, afirmou, com ar de tristeza. “Queria que a Rosa e a Susan 
estivessem aqui”, lamentou, “mas a decisão não cabia a mim.”

Notícias Cristãs com informações do IG


Acabei de copiar do Site Notícias Cristãs, mas como SOU CRISTÂO E ÉTICO,

 EU CITO AS FONTES ORIGINAIS E O NOTÍCIAS CRISTÃS. Link Original: http://news.noticiascristas.com/2011/08/religiao-foi-minha-terapia-diz-ultima.html#ixzz1VPQFsLVv 
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial

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